Lore:A Verdadeira Barenziah, v 2

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Nota: Essa é parte da série de livros revisada que aparece em Morrowind, Oblivion, e Skyrim. Em Daggerfall, esse conteúdo aparece em A Verdadeira Barenziah, Parte I e A Verdadeira Barenziah, Parte II com algumas pequenas modificações.


Barenziah e Straw se estabeleceram em Fendal para o inverno, alugando um quarto barato na seção mais barata da cidade. Barenziah queria se juntar a Guilda dos Ladrões, sabendo que haveria problema se pegassem ela fazendo o serviço independentemente. Um dia em um bar ela captou o olhar de um membro conhecido da Guilda, um jovem Khajiit de pelo preto chamado Therris. Ela ofereceu ir para a cama com ele se ele a colocasse na Guilda. Ele a olhou, sorrindo, e concordou, mas disse que ela ainda precisava passar por uma iniciação.

" Que tipo de iniciação?"

" Ah,” disse Therris. “Pague primeiro, docinho."

[Essa passagem foi censurada por ordem do Templo.]

Straw ia matar ela, e talvez Therris também. O que em Tamriel havia possuído ela para fazer tal coisa? Ela lançou olhares apreensivos pelo cômodo, mas os outros clientes haviam perdido o interesse e voltado a suas próprias atividades. Ela não reconheceu nenhum deles; essa não era a estalagem onde ela e Straw estavam hospedados. Com sorte levaria um tempo, ou nunca, antes de Straw descobrir.

***

Therris era de longe o homem mais animador e atraente que ela já havia encontrado. Ele não apenas ensinou para ela as habilidades necessárias para se tornar uma membra da Guilda dos Ladrões, mas também a treinou nelas ele mesmo ou a apresentou para quem ensinasse.

Dentre esses havia uma mulher que sabia sobre magia. Katisha era uma Nord gorda e matronal. Ela era casada com um ferreiro, tinha dois filhos adolescentes, e era perfeitamente comum e respeitável—exceto pelo fato de que ela gostava muito de gatos (e por associação lógica, seus parentes humanoides, os Khajiit), tinha um talento para certos tipos de magia, e cultivava amigos um tanto estranhos. Ela ensinou Barenziah um feitiço de invisibilidade e outras formas de se furtividade e disfarce. Katisha misturava talentos mágicos e não-mágicos livremente, usando uma parte para melhorar a outra. Ela não era membra da Guilda dos Ladrões mas gostava de Therris de uma forma maternal. Barenziah se tornou próxima dela de forma que nunca havia ficado com nenhuma mulher, e nas próximas semanas, ela contou Katisha tudo sobre si.

Ela levou Straw lá algumas vezes. Straw aprovava Katisha. Mas não Therris. Therris achou Straw “interessante” e falou com Barenziah para fazer algo que ele chamava de “a três.”

“Absolutamente não,” disse Barenziah firmemente, grata que Therris trouxe o assunto em particular. “Ele não gostaria. Eu não gostaria.”

Therris lançou seu sorriso felino triangular e charmoso e deitou preguiçosamente em sua cadeira, esticando seus membros e balançando a calda. “Você pode se surpreender. Vocês dois. Em par é tão chato.”

Barenziah respondeu ele com um olhar penetrante.

“Ou talvez você só não gostaria com seu amigo rústico do interior, docinho. Você se importaria se eu trouxesse outro amigo?”

“Sim, eu iria. Se você está entediado comigo, você e seu amigo podem encontrar outra pessoa.” Ela era membra da Guilda dos Ladrões agora, ela havia passado a iniciação. Ela achava Therris útil, mas não essencial. Talvez ela estivesse um pouco entediada com ele também.

***

Ela conversou com Katisha sobre seus problemas com homens. Ou o que ela acreditava ser um problema com homens. Katisha balançou a cabeça e a disse que ela estava procurando por amor, e não sexo, que ela reconheceria o homem certo quando ela o encontrasse, que nem Straw nem Therris eram o certo para ela.

Barenziah inclinou a cabeça para um lado. “Eles dizem que Elfas Negras são pro—pro—alguma coisa. Prostitutas?” ela disse, apesar de duvidosa.

“Você quer dizer promíscuas. Apesar de que algumas se tornam prostitutas, eu acho,” Katisha disse, como um pensamento paralelo. “Elfos são promíscuos quando eles são jovens. Mas você vai superar isso. Talvez você já esteja começando a superar,” ela acrescentou, esperançosa. Ela gostava de Barenziah, e ficou bastante próxima dela. “Você deveria conhecer alguns garotos elfos, na verdade. Se você continuar a ser acompanhada por Khajiits e humanos e qualquer outros, você vai acabar grávida logo.”

Barenziah sorriu involuntariamente com esse pensamento. “Eu gostaria disso. Eu acho. Mas seria inconveniente, não seria? Bebê são muito problema, e eu ainda nem tenho uma casa.”

" Quantos anos você tem, Berry? Dezessete? Você ainda tem um ano ou dois antes de ficar fértil, a menos que você seja bem azarada. Elfos não tem filhos com outros elfos com muita facilidade, então, você ficaria tranquila com eles.”

Barenziah se lembrou de outra coisa. “Straw quer comprar uma fazenda e se casar comigo.”

“E é isso que você quer?”

“Não. Não ainda. Talvez algum dia. Sim, algum dia. Mas não se eu não puder ser rainha. E não qualquer rainha. A Rainha de Forte da Lamentação." Ela disse isso determinada, quase teimosa, como se quisesse acabar com qualquer dúvida.

Katisha decidiu ignorar esse último comentário. Ela estava maravilhada pela imaginação hiperativa da garota, e entendeu isso como um sinal de uma mente sadia. “Acho que Straw já vai ser um homem bem velho antes de ‘algum dia’ chegar, Berry. Elfos vivem por muito tempo.” O rosto de Katisha brevemente brandiu um olhar invejoso e triste, que humanos normalmente tem quando contemplando as vidas de milhares de anos que os deuses garantiram aos Elfos. Na verdade, poucos realmente viviam por todo esse tempo devido ao trabalho de doenças e da violência. Mas eles podiam. E um ou dois dele realmente conseguiam.

“Também gosto de homens mais velhos,” Berry disse.

Katisha riu.

***

Barenziah ficava cada vez mais impaciente enquanto Therris mexia nos papeis na mesa. Ele estava meticuloso e metódico, colocando cuidadosamente de volta no lugar tudo que ele tirava.

Eles haviam invadido a casa de um nobre, deixando Straw do lado de fora para vigiar. Therris havia dito que esse era um trabalho simples, mas que requereria muito silêncio e calma. Ele não quis trazer nenhum outro membro da Guilda com ele. Ele disse que sabia que podia confiar em Berry e Straw, mas em mais ninguém.

“Me diz o que você está procurando e eu vou achar,” Berry suspirou urgentemente. A visão de Therris na noite não era tão boa quanto a dela e ele não queria que ela fizesse nem um pequeno orbe de luz mágica.

Ela nunca havia estado em um lugar tão luxuoso. Nem mesmo o castelo Charconegro do Conde Sven e Lady Inga, onde ela passou sua infância, podia ser comparado. Ela admirou seus arredores enquanto eles desciam as escadas, que geravam muito eco. Mas Therris não parecia interessado em nada além da mesa no estúdio do andar de cima.

“Sssst,” ele sibilou com raiva.

“Tem alguém vindo!” Berry disse, um momento antes da porta se abrir e duas figuras obscuras entrarem na sala. Therris deu um empurrão violento em Barenziah a empurrando em cima deles, enquanto ele corria e pulava a janela. Os músculos de Barenziah ficaram rígidos; ela não conseguia se mexer ou falar. Ela assistiu incapaz enquanto uma das figuras, a menor, pulava atrás de Therris. Houveram dois golpes rápidos de luz azul, então Therris se encolheu imóvel.

O lado de fora da casa se tornou vivo com os passos apressados e vozes gritando alarmes e o som de armaduras colocadas com pressa.

O homem maior, um Elfo Negro pelo que parecia, meio levando, meio arrastou Therris até a porta e o jogou nos braços de outro Elfo. Um movimento da cabeça do primeiro Elfo enviou seu companheiro menor de vestes azuis depois deles. Então ele caminhou até Barenziah para inspeciona-la, que novamente era capaz de se mover, apesar que sua cabeça latejava quando ela tentava.

“Abra sua blusa, Barenziah,” o Elfo disse. Barenziah ficou espantada e segurou os botões da blusa. “Você é uma garota, não é Berry?” ele disse de forma suave. “Você deveria ter parado de se vestir como garoto meses atrás, você sabe. Você estava apenas atraindo atenção para você. E se chamando de Berry! Seu amigo Straw é tão estupido para não lembrar de mais nada?”

“É um nome Élfico comum,” Barenziah defendeu.

O homem balançou a cabeça tristemente. “Não dentre Elfos Negros, minha querida. Mas você não saberia muito sobre Elfos Negros, saberia? Eu me arrependo disso, mas não poderia ajudar. Não importa. Vou tentar fazer valer isso.”

“Quem é você?” Barenziah demandou.

“Eh. Tanto pela fama,” o homem encolheu os ombros, sorrindo ironicamente. “Eu sou Symmachus, Mileide Barenziah. General Symmachus do Exército Imperial de Vossa Incrível e Terrível Majestade Tiber Septim I. E eu devo dizer que foi uma bela busca que você me levou a fazer por Tamriel. Ou essa parte dela, de qualquer forma. Apesar de que supus, e supus corretamente, que você eventualmente se dirigiria para Morrowind. Você teve um bocado de sorte. Um corpo foi achado em Passo Branco que se acreditou ser de Straw. Então nós paramos de procurar pelo par de vocês dois. Isso foi um descuido meu. Mas não pensei que vocês ficariam juntos todo esse tempo.”

“Onde ele está? Ele está bem?” ela perguntava em genuína ternura.

“Ah, ele está bem. Por enquanto. Sob custódia, é claro.” Ele se virou. “Você ... se importa com ele, então?” ele disse, e de repente a encarou com uma curiosidade furiosa. Os olhos vermelhos eram estranhos para ela, exceto que só via assim em seu próprio reflexo.

“Ele é meu amigo,” disse Barenziah. As palavras saíram de um modo que soou estúpido e sem esperança para seus próprios ouvidos. Symmachus! Um general no Exército Imperial, nada menos—e dito possuir a amizade e ouvidos do próprio Tiber Septim.

“Eh. Você parece possuir muitos amigos inadequados—se você perdoa meu dizer, Milady.”

“Pare de me chamar assim.” Ela estava irritada com o sarcasmo do general. Mas ele apenas sorriu.

Enquanto eles conversavam a agitação na casa morreu. Apesar de que ela ainda conseguia ouvir algumas pessoas, provavelmente os residentes, sussurrando juntos não muito longe. O Elfo alto se encostou num dos cantos da mesa. Ela parecia bem à vontade e disposto a ficar um pouco.

Enquanto eles conversavam a agitação na casa morreu. Apesar de que ela ainda conseguia ouvir algumas pessoas, provavelmente os residentes, sussurrando juntos não muito longe. O Elfo alto se encostou num dos cantos da mesa. Ela parecia bem à vontade e disposto a ficar um pouco.

“Ah. Como você sabe, essa casa pertence ao comandante das tropas Imperiais nessa área. O que significa que ela pertence a mim.” Barenziah suspirou e Symmachus a olhou com olhar afiado. “O que, você não sabia? Pff. Porque, você é precipitada, Milady, até mesmo para dezessete. Você sempre deve saber o que você faz, ou em que você está se metendo.”

“M-mas a G-Guilda n-não ... n-não de-deixaria—“ Barenziah estava trêmula. A Guilda dos Ladrões jamais tentaria uma missão que cruzasse política Imperial. Ninguém ousava se opor a Tiber Septim, pelo menos ninguém que ela conhecesse. Alguém na Guilda havia atrapalhado. Muito. E agora ela iria pagar por isso.

“Eu ouso dizer. É estranho que Therris tenha a aprovação da Guilda para isso. Na verdade, eu imagino—‘’ Symmachus examinou a mesa com cuidado, retirando as gavetas. Ele escolheu uma, colocou em cima da mesa, e removeu o fundo falso. Havia uma folha de papel dobrado dentro. Parecia ser um mapa de algum tipo. Barenziah tentou ver mais de perto. Symmachus puxou o papel para longe dela, rindo. “Realmente precipitada!” Ele olhou o papel novamente, então o dobrou e guardou e volta.

“Você me aconselhou agora a pouco para procurar por conhecimento.”

“Disse, sim eu disse.” De repente ele parecia estar com um ótimo humor. “Devemos ir, minha querida Dama.”

Ele a levou até a porta, pelas escadas, e fora noite adentro. Não havia ninguém na rua. Os olhos de Barenziah encaravam as sombras. Ela pensou se poderia escapar dele, ou enganá-lo de alguma forma.

“Você não está pensando em uma tentativa de fuga, está? Eh. Você não quer ouvir primeiro o que são meus planos para você?” Ela pensou que ele soou um pouco magoado.

“Agora que você mencionou—sim.”

“Talvez você prefira ouvir sobre seus amigos primeiro.”

“Não.”

Ele a olhou gratificado. Era evidentemente a resposta desejada, Barenziah pensou, mas também era a verdade. Enquanto ela se preocupava com seus amigos, especialmente Straw, ela estava bem mais preocupada consigo mesma.

“Você tomará seu lugar legítimo como Rainha de Forte da Lamentação.”

***

Symmachus explicou que aquilo havia sido plano dele, e de Tiber Septim, para ela o tempo todo. Que Forte da Lamentação, que havia estado sob governo militar pelos anos que ela esteve fora, iria gradualmente voltar ao governo civil—sob guia do Império, é claro, e como parte da Província Imperial de Forte da Lamentação.

“Mas porque eu fui enviada para Charconegro?” Perguntou Barenziah, mau acreditando no que havia sido dito a ela.

“Por segurança, naturalmente. Porque você fugiu?”

Barenziah deu de ombros. “Não vi motivos para ficar. Deveriam ter me contado.”

" Você teria sido até esse momento. Eu havia até mandado te enviarem para a Cidade Imperial para passar algum tempo como parte da casa do Imperador, mas é claro que você havia, por se dizer, evadido deles. Quanto ao seu destino, ele deve ser, e deveria ter sido, bastante óbvio para você. Tiber Septim não mantém aqueles que não são úteis para ele – e o que mais você seria que poderia ser útil para ele?”

“Eu não sei nada dele. Nem, pelo jeito, de você.”

“Então saiba isso: Tiber Septim recompensa amigos e inimigos da mesma forma de acordo com suas atitudes.”

Barenziah refletiu nisso por alguns instantes. “Straw tem agido bem comigo e nunca fez mal a ninguém. Ele não é membro da Guilda dos Ladrões. Ele veio junto para me proteger. Ele paga nossa estadia trabalhando, e ele ... ele ...”

Symmachus a calou impaciente. “Eh. Eu sei tudo sobre Straw,” ele disse, “e sobre Therris.” Ele a encarou. “Então? E quanto a você?”

Ela respirou fundo. “Straw quer uma fazendinha. Seu eu foi ser rica, então eu gostaria que uma fosse dada a ele.”

“Tudo bem.” Ele pareceu surpreso com isso, e então satisfeito. “Feito. Ele terá uma. E Therris?”

“Ele me traiu,” Barenziah disse friamente. Therris deveria ter contado a ela quais riscos se envolviam no serviço. Além do mais, ele a jogou direto nas mãos dos inimigos em uma tentativa de se salvar. Não era alguém de se recompensar. Nem, de fato, alguém de se confiar.

“Sim. E?”

“Bem, ele deveria sofrer por isso ... não deveria?”

“Isso parece razoável. De que forma tal sofrimento deveria ser causado?”

Barenziah cerrou os punhos. Ela teria gostado de morder e unhar o Khajiit ela mesma. Mas considerando a reviravolta dos eventos, isso não parecia muito a atitude de uma rainha. “Chicote. Er... você acha que vinte chicotadas seriam muito? Não quero causar nele nenhuma ferida permanente, sabe. Apenas ensinar uma lição.”

“Eh. É claro.” Symmachus sorriu com isso. Então esses traços de repente sumiram, e ele ficou sério novamente. “Será feito, Vossa Alteza, Mileide Rainha Barenziah de Forte da Lamentação.” Então ele fez uma reverência a ela, uma extensa, cordial, ridiculamente incrível reverência.

O coração de Barenziah pulou.

***

Ela ficou dois dias na casa de Symmachus, durante os quais ela foi mantida bastante ocupada. Havia uma Elfa Negra chamada Drelliane que cuidava de suas necessidades, apesar de que ela não parecia uma serva já que ela tinha suas refeições junto com eles. Mas também não parecia ser esposa de Symmachus, ou amante. Drelliane pareceu surpresa quando Barenziah a perguntou sobre isso. Ela apenas disse que estava a serviço do general e que fazia o que quer que fosse pedido dela.

Com a assistência de Drelliane, vários vestidos e sapatos finos foram encomendados para ela, além de um traje e botas para andar a cavalo, assim como outras pequenas necessidades. Barenziah ganhou um quarto para si só.

Symmachus era um bom negócio. Ela o via na maioria das refeições, mas ele falava pouco sobre si ou sobre o que esteve fazendo. Ele era cordial e educado, bastante disposto a conversar sobre a maioria dos assuntos, e parecia interessado em qualquer coisa que ela dissesse. Drelliane era da mesma forma. Barenziah os achou bastante agradáveis, mas “difíceis de se conhecer”, como Katisha teria dito. Ela sentiu uma pontada de decepção. Esses eram os primeiros Elfos Negros com quem ela havia se associado de forma próxima. Ela esperava se sentir confortável com eles, sentir como se ela pertencesse a algum lugar, com alguém, como parte de alguma coisa. Mas pelo contrário, ela se encontrava sentindo falta de seus amigos Nórdicos, Katisha e Straw.

Quando Symmachus a comunicou que eles estariam de partida para a Cidade Imperial no dia seguinte, ela perguntou se poderia se despedir deles.

“Katisha?” ele perguntou. “Eh. Mas então ... Eu acho que eu a devo algo. Ela que me levou até você me contando sobre uma Elfa Negra solitária que precisava de outros amigos Elfos – e que às vezes se vestia como menino. Ela não possui nenhuma associação com a Guilda dos Ladrões, aparentemente. E ninguém associado com a Guilda dos Ladrões parece saber sobre sua verdadeira identidade, exceto Therris. Está bem. Eu prefiro que sua antiga parceria na Guilda não se tornasse coisa pública. Por favor não conte disso a ninguém, Vossa Alteza. Tal passado não ... se torna uma Rainha Imperial.”

“Mas ninguém sabe além de Straw e Therris. E eles não vão contar para ninguém.”

“Não.” Ele soltou um pequeno e curioso sorriso. “Não, eles não vão.”

Ele não sabia que Katisha sabia, então. Mas ainda assim, tinha alguma coisa por trás da forma com que ele falou ...

Straw veio até a casa na manhã de sua partida. Eles foram deixados sozinhos no salão, porém Barenziah sabia que outros Elfos estavam numa distância ainda audível. Ele parecia indeciso e pálido. Eles se abraçaram amigavelmente por alguns minutos. Os ombros de Straw estavam tremendo e lágrimas rolavam por seu queixo, mas ele não disse nada.

Barenziah tentou sorrir. “Então nós dois ganhamos o que queríamos, né? Eu vou ser Rainha de Forte da Lamentação e você será o senhor de sua própria fazenda.” Ela pegou a mão dele, sorriu calorosamente, genuinamente. “Eu vou lhe escrever, Straw. Eu prometo. Você deveria arruma rum escriba para me escrever também.”

Straw balançou a cabeça com tristeza. Quando Barenziah persistiu, ele abriu a boca e apontou, fazendo barulhos não articulados. Então ela notou o que estava ocorrendo. Sua língua havia sumido, havia sido cortada.

Barenziah caiu na cadeira e chorou escandalosamente.

***

“Mas por que?” ela demandou de Symmachus após Straw ir embora. “Por que?”

Symmachus deu de ombros. “Ele sabe demais. Ele poderia ser perigoso. Pelo menos ele está vivo, e ele não vai precisar da língua para ... criar porcos, ou, que seja.”

“Eu te odeio!” Barenziah gritou com ele, então abruptamente se curvou e vomitou no chão. Ela continuou a gritar com ele entre intervalos de náuseas. Ele ouviu parado por algum tempo até Drelliane realizar a limpeza. Finalmente, ele a disse para parar ou ele iria amordaça-la na viajem até o Imperador.

Eles pararam na casa de Katisha no caminho para fora da cidade. Symmachus e Drelliane não desmontaram. Tudo parecia normal, mas Barenziah tinha medo enquanto batia na porta. Katisha respondeu a batida. Barenziah agradeceu aos deuses que pelo menos ela estava bem. Mas ela claramente esteve chorando. De qualquer forma, as duas se abraçaram calorosamente.

“Por que você está chorando?” perguntou Barenziah.

“Por Therris, é claro. Você não soube? Ah, querida. Pobre Therris. Ele está morto.” Barenziah sentiu dedos de gelo espetarem seu coração. “Ele foi pego roubando da casa do Comandante. Pobre rapaz, mas foi tão tolo da parte dele. Oh, Berry, ele foi afogado e esquartejado essa manhã mesmo pelas ordens do Comandante!” Ela começou a soluçar. “Eu fui. Ele chamou por mim. Foi terrível. Ele sofreu tanto antes de morrer. Eu nunca vou esquecer. Eu procurei por você e Straw, mas ninguém sabia onde vocês haviam ido.” Ela olhou atrás de Barenziah. “Aquele é o Comandante, não é? Symmachus.” Então Katisha fez uma coisa estranha. Ela parou de chorar e sorriu. “Eu soube, no momento em que vi ele, eu pensei, esse é o certo para Barenziah!” Katisha pegou uma parte de sua roupa e secou os olhos. “Eu contei para ele sobre você, sabe.”

“Sim,” disse Barenziah, “Eu sei.” Ela pegou as mãos de Katisha com as suas e a olhou no fundo dos olhos. “Katisha, eu amo você. Vou sentir muita falta. Mas por favor nunca conte para ninguém nada sobre mim. Nunca. Prometa que não vai. Especialmente para Symmachus. E cuide de Straw para mim. Me prometa isso.”

Katisha prometeu, mesmo que estando em dúvida. “Berry, não foi de alguma forma por causa e mim que Therris foi pego, foi? Eu nunca disse nada sobre Therris para ... para ... ele.” Ela olhou para o general.

Barenziah a garantiu que não foi, que um informante havia contado à Guarda Imperial dos planos de Therris. O que era provavelmente uma mentira, mas ela podia ver que Katisha precisava bastante de alguma forma de conforto.

“Ah, fico aliviada com isso, se é que posso ficar aliviada de alguma coisa agora. Eu odeio pensar—Mas como eu poderia saber?” Ela se aproximou e cochichou na orelha de Barenziah, “Symmachus é bem bonitão, você não acha? E também charmoso.”

“Eu não saberia dizer,” Barenziah disse seca. “Eu realmente não pensei sobre isso. Houveram outras coisas para pensar sobre.” Ela explicou apressadamente sobre ser Rainha de Forte da Lamentação e morar na Cidade Imperial por um tempo. “Ele estava procurando por mim, é tudo. Em ordem do Imperador. Eu era o objeto de uma missão, nada mais que algum tipo de ... de um ... objetivo. Eu não acho que ele me vê como uma mulher, na verdade. Porém, ele disse que eu não pareço um garoto,” ela acrescentou quando viu a feição incrédula de Katisha. Katisha sabia que Barenziah avaliava homens que ela encontrava em termos de desejo sexual, e disponibilidade. “Eu acho que deve ser o choque de descobrir que eu sou realmente uma rainha,” ela acrescentou, e Katisha concordou que sim, era verdade, que deve ter algum choque, mas um que ela não poderia ter tido experiência na própria pele. Ela sorriu. Barenziah sorriu com ela. Então elas se abraçaram novamente, em lágrimas, pela última vez. Ela nunca viu Katisha outra vez. Ou Straw.

***

A caravana real partiu de Fendal pelo portão sul. Uma vez passado, Symmachus encostou no ombro dela e apontou de volta para o portão. “Eu pensei que você talvez quisesse se despedir de Therris também, Vossa Alteza.” Ele disse.

Barenziah encarou brevemente a cabeça empalada numa lança sobre o portão. Os pássaros haviam estado nela, mas o rosto ainda era reconhecível. “Eu não acho que ele irá me ouvir, porém tenho certeza que ele estará satisfeito em saber que estou bem,” ela disse, querendo soar calma. “Vamos tomar nosso rumo, General, não devemos?”

Symmachus estava claramente desapontado por sua falta de reação. “Eh. Você soube disso de sua amiga Katisha, eu acho?”

“Você achou certo. Ela compareceu à execução,” Barenziah disse casualmente. Se ele não sabia ainda, ele descobriria logo, ela tinha certeza.

“Ela sabia que Therris pertencia a Guilda?”

Ela balançou os ombros. “Todo mundo sabia disso. São apenas membros de nível baixo que devem se manter em segredo. Os mais altos são bem conhecidos.” Ela se virou e sorriu maliciosamente para ele. “Mas você deve saber disso tudo, não deve, General?” ela disse docilmente.

Ela parecia não ter sido afetado. “Então você contou para ela quem você era e de onde veio, mas não sobre a Guilda.”

“A associação com a Guilda não era segredo meu para contar. O outro era. Existe uma diferença. Além do mais, Katisha é uma mulher muito honesta. Se eu a contasse, ela gostaria bem menos de mim. Ela sempre estava na cola do Therris para convencê-lo de pegar um trabalho honesto. Eu valorizo a boa opinião dela.” Ela o deu um olhar glacial. “Não que seja da sua conta, mas você sabe o que mais ela achava? Ela achava que eu seria mais feliz se ficasse com um homem só. Um da minha própria raça. Um da minha própria raça com todas as qualidades certas. Um da minha própria raça com todas as qualidades certas, que sabe dizer todas as coisas certas. Você, de fato.” Ela assumiu as rédeas para assumir um passo mais vigoroso—mas não sem antes soltar uma última cartada irresistível. “Não é estranho como desejos se tornam verdade algumas vezes—mas não da forma com que você quer? Ou devo dizer, da maneira que você jamais iria querer?”

A resposta dele a pegou tão de surpresa que ela quase esqueceu de controlar o galope. “Sim. Muito estranho,” ele respondeu, e o tom dele se encaixou perfeitamente com as palavras. Então ele pediu licença e ficou mais atrás.

Ela manteve a cabeça erguida e mandou sua montaria adiante, tentando parecer nenhum pouco surpresa. Mas o que a incomodava na resposta dele? Não o que ele disse. Não, não era. Mas alguma coisa na forma com que ele falou. Algo fez ela pensar que ela, Barenziah, era um dos desejos que havia se tornado verdade. Inesperado como parecia, ela deu a deliberação adequada. Ela havia a encontrado finalmente, depois de meses de procura, ao que parecia, sob pressão do Imperador, sem dúvida. Então o desejo dele havia se tornado verdade. Sim, deve que era isso.

Mas de algum modo, aparentemente, não totalmente a gosto dele.


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